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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Virgindade subversiva(parte1)

Bom dia pessoal, ontem achei um texto muito interessante no site iprodigo, este artigo é de autoria de Sarah Hinlicky. Ela fala sobre a visão do feminismo atual a respeito da sexualidade e também como ela aprendeu a rejeitar os valores que o mundo impõe.
Tá, eu admito. Eu tenho 22 anos e ainda sou virgem. Não por falta de oportunidade, minha vaidade se apressa para acrescentar. Se eu tivesse me sentido muito sobrecarregada por minha inocência antiquada, eu poderia ter encontrado alguém para resolver o problema. Mas nunca o fiz.
Nossa cultura me diz que alguma força opressiva deveria ser a causa da minha virgindade tardia – talvez um excessivo temor de homens, de Deus ou de ser pega no flagra. Talvez seja isso mesmo, já que eu posso apontar um número de influências que me levaram a permanecer virgem. Minha mãe me ensinou que auto-respeito exige autocontrole, e o meu pai me ensinou a exigir o mesmo dos homens. Eu sou bastante caipira para suspeitar que contraceptivos talvez não bastem para prevenir uma gravidez indesejada ou uma DST, e eu acho que aborto é matar um bebê. Eu realmente acredito na doutrina cristã da lei e da promessa, que significa que os dez mandamentos ainda estão entranhados na minha consciência. E ainda sou ingênua o suficiente para acreditar em um permanente, exclusivo e divinamente ordenado amor entre um homem e uma mulher, um amor tão valoroso que me motiva a manter as minhas pernas firmemente cruzadas nas mais tentadoras situações.Definindo a sexualidade
Apesar de tudo isso, eu ainda acho que tenho um quê de feminista, já que a virgindade tem o resultado de criar respeito e de defender o valor da mulher assim disposta. Mas descobri que o reinado do feminismo de hoje vê pouco uso nisso. Houve um tempo quando eu era boba o bastante para procurar na literatura entre as publicações para mulheres que poderiam oferecer suporte nessa minha decisão pessoal. (Tudo é uma questão de escolha, afinal de contas, não é?) A escassez de informação sobre virgindade pode levar alguém a acreditar que o assunto é um tabu. Entretanto, eu fui bastante feliz ao descobrir um pequeno artigo sobre o assunto que referenciava o volume do feminismo, Our Bodies, Ourselves (Nossos Corpos, Nós mesmos – tradução livre).
A edição mais recente do livro tem uma atitude mais  positiva que a edição anterior, onde reconhece a virgindade como uma legítima escolha e não somente um subproduto da cultura patriarcal. Apesar disso, em menos de uma página, presume-se a cobrir o conjunto da emoção e experiência envolvida na virgindade, a qual parece consistir simplesmente na noção de que a mulher deveria esperar até ela estar realmente pronta para expressar sua sexualidade. E isso seria tudo a se dizer sobre o assunto. Aparentemente, a expressão sexual toma lugar somente dentro e depois do ato da relação sexual. Qualquer coisa mais sutil – como o amor delicado pela cozinha, a tendência a chorar assistindo filmes, o instinto maternal irreprimível, ou até um beijo apaixonado de boa-noite – é julgado como uma demonstração inadequada de identidade sexual. A mensagem velada de Nossos Corpos, Nós Mesmos é clara o suficiente: enquanto uma mulher for virgem, ela permanece completamente assexuada.
Surpreendemente, esta atitude tem se infiltrado no pensamento de várias mulheres da minha idade.  Mulheres que deveriam ainda ser novas o bastante na rede de mentiras chamada de idade adulta para terem um pouco mais de noção. Uma das memórias mais vívidas da faculdade é uma conversa com uma grande amiga sobre minha (para ela) bizarra aberração da virgindade. Ela e outra garota estavam divagando sobre os terríveis detalhes de suas vidas sexuais. Finalmente, depois de algum tempo, minha amiga de repente exclamou para mim: “Como você consegue isso?”
Um pouco surpresa, eu disse, “Consegue o que?”
“Você sabe”, ela respondeu um pouco relutante, talvez em usar a grande e temerosa palavra-com-V. “Você ainda não… dormiu com ninguém. Como você consegue isso? Você não quer?”
Essa pergunta me intrigou, porque estava totalmente distante da resposta. Claro que eu quero – que pergunta estranha! – mas simplesmente querer não é lá um bom guia para a conduta moral. Garanti à minha amiga em questão que minha libido estava funcionando normalmente, mas então eu tinha que apresentar uma boa razão por que eu estava prestando atenção às minhas inibições todos estes anos. Propus as razões comuns – saúde emocional e física, princípios religiosos, “me guardar” até o casamento – mas nada a convencia até que eu disse “Acho que não sei o quê estou perdendo”. Ela ficou satisfeita com aquilo e terminou a conversa.
Por um lado, claro, eu não sei o que estou perdendo. E é muito comum entre aqueles que sabem o que estão perdendo percorrer grandes distâncias para garantir que não perderão por muito tempo. Por outro lado, entretanto, eu poderia listar um monte de coisas que eu sei que estou perdendo: dor, traição, ansiedade, auto-engano, medo, desconfiança, raiva, confusão e o horror de ter sido usada. E estes são apenas aspectos emocionais; há ainda doenças, gravidez indesejada e aborto. Como se para provar meu caso do outro lado, minha amiga passou por uma traição traumática dentro de um mês ou dois depois da nossa conversa. Acontece que o homem envolvido tinha prazer em dormir com ela, mas se recusou a ter um “relacionamento real” – uma triste realidade que ela descobriu somente depois de algum tempo.

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